Nossas crenças ou nosso jeito de interpretar o mundo são formados de acordo com 3 características básicas: a carga genética, o temperamento e o ambiente. Muitas vezes nos deparamos com pessoas muito próximas que têm comportamentos opostos. Pesquisas já investigaram até gêmeos univitelinos para avaliar essas características. O que acontece é que nosso comportamento não é determinado apenas pelos nossos pensamentos e emoções. Há mais características envolvidas: por exemplo, o que chamamos de estilo de enfrentamento.
Temos 3 maneiras de lidar com nossos esquemas (esquemas são superestruturas que armazenam as informações que recebemos desde a gestação). Podemos resignar, ou seja, aceitar o esquema. Evitar, quer dizer, não querer entrar em contato com a emoção desencadeada por aquele esquema; ou hipercompensar, quer dizer, fazermos o oposto do que nossa crença diz sobre nós.
Um exemplo na prática: Uma pessoa com uma crença de defeito ou vergonha. Essa crença quer dizer que a pessoa se acha inferior às outras em algum (ou vários) aspectos da vida. Uma pessoa pode acreditar que não é tão boa academicamente quanto seus colegas. Possivelmente esta pessoa escutou ao longo de sua vida “Tirou total, não fez nada além de sua obrigação” ou “Seu trabalho ficou muito bom, mas do seu colega está mais caprichado” “Você arrumou bem a cama, mas você é péssimo em lavar vasilhas”. Todas essas coisas que escutamos ao longo de nossa vida irão formar nossas crenças sobre nós mesmos, sobre as outras pessoas e sobre nosso futuro.
Nosso cérebro, instintivamente, quer nos proteger desta emoção desagradável que é a vergonha (vergonha é pensar que somos inferiores e que poderemos ser julgados por isso). Então ele elege uma forma de enfrentamento. Se ficamos resignados, nos veremos inferiores, mesmo que os fatos não apontem para isto. Ao participar de um processo seletivo e não ser aprovado, poderíamos pensar: “É claro, não sou bom em nada”. E sendo aprovado, o pensamento seria: “Foi pura sorte”, ou “Só fui contratado porque alguém importante me indicou”.
Se formos evitativos é possível que não façamos a inscrição para o processo seletivo ou que percamos o horário de chegada (pense nos tantos inscritos para o Enem que ficam nas grades do lado de fora, e têm mil justificativas para isso). Dessa maneira, confirmamos a crença de não ser bom o suficiente para ser aprovado.
Se nosso cérebro agir de maneira hipercompensatória, a tendência é que todas as ações sejam perfeitas, ou se aproximem disso. Inconscientemente nossas ações querem dizer: “Se eu fizer tudo perfeito, as pessoas não perceberão o quanto sou defeituoso e ruim”. Assim, faremos apresentações brilhantes e trabalhos impecáveis, mesmo que gerem muito sofrimento e várias noites sem dormir.
É possível conviver com essa distorção de pensamento por muito tempo, sem nem perceber. Até porque muitas vezes essas atitudes são funcionais, ou seja, funcionam em vários contextos do dia a dia. Porém, em algum momento, essa visão negativa de si mesmo pode gerar mal estar, baixa auto estima, ansiedade e depressão. É por isso que precisamos nos encontrar, reconhecer nosso funcionamento psíquico e encontrar maneiras mais saudáveis de lidarmos com nossos esquemas.
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